O RouxinolPágina 5 / 9
— Que maravilha! — disseram todos.
E o mensageiro que tinha trazido o presente recebeu o título de Principal Portador Imperial de Rouxinóis.
— Agora têm de cantar juntos. Que dueto que vai ser!
Então os dois passarinhos tiveram de cantar juntos, mas não foi um êxito. O problema era que o verdadeiro rouxinol cantava à sua maneira e a canção do outro saía de uma máquina.
— Isto não é vergonha nenhuma — afirmou o Mestre da Música Imperial. — Está perfeitamente afinado: na realidade, ele até podia ser um dos meus alunos.
Então, o pássaro de corda foi posto a cantar sozinho. Agradou quase tanto à corte como o verdadeiro, e evidentemente que era muito mais bonito à vista, todo brilhante, como uma pulseira ou um alfinete de peito. Cantou a mesma canção trinta e três vezes sem se cansar. Os cortesãos não se importariam de a ouvir mais umas vezes, mas o imperador achou que era a vez do verdadeiro.
Mas onde estava o rouxinol? Tinha voado pela janela, para a sua floresta verdejante, sem ninguém dar por isso.
— Tch, tch, tch! — fez o imperador, aborrecido. — Que significa isto?
E os cortesãos resmungavam e franziam as testas.
— Mas temos aqui o melhor! — disseram.
E o rouxinol de corda teve de cantar outra vez.
Era a trigésima quarta vez que o ouviam, mas ainda não sabiam bem a canção. Era difícil de aprender. E o Mestre da Música Imperial teceu à ave os mais altos elogios: era superior ao rouxinol vivo, não apenas na aparência exterior, mas também no que tinha lá dentro.
— Sabem, senhores e senhoras e, acima de todos, Vossa Majestade Imperial, com o verdadeiro rouxinol nunca se sabe o que vai acontecer, mas com a ave de corda tem-se a certeza; é tudo fácil: podemos abri-la e ver como pensa, como cada nota segue a outra com precisão!
— Era isso mesmo o que eu estava a pensar — ouviu-se aqui e ali.
E, na segunda-feira seguinte, o Mestre da Música Imperial foi autorizado a mostrar publicamente o pássaro ao povo. Também ele devia ouvi-lo cantar, tinha declarado o imperador. E assim foi. E ficaram todos tão entusiasmados como se estivessem tontos de beberem muito chá, um antigo costume chinês. Disseram todos: