O Ganso de OuroPágina 4 / 6
admirados ao ver aquele cortejo. Quando o cura passou por eles, gritou-lhes para o irem
libertar, mais ao sacristão. Mas, mal os dois camponeses tocaram no sacristão, nunca
mais se puderam soltar e foram obrigados também a seguir o cortejo. Eram agora sete
pessoas a correr atrás do Parvo e do ganso.
Sempre a correr, chegaram à capital do reino. O rei tinha uma filha tão sisuda que até
então ninguém conseguira fazê-la rir, o que afligia muito o pai. Por isso, naquele mesmo
dia, mandara apregoar que daria a filha em casamento a quem conseguisse fazê-la rir.
Ao ouvir esta notícia, o Parvo pediu para ir à presença da princesa, com o ganso debaixo
do braço e as outras pessoas todas agarradas ao ganso.
Assim que viu entrar o cómico desfile das sete pessoas presas umas às outras atrás do
Parvo e do seu ganso, a princesa teve um ataque de riso que nunca mais acabava.
Então, o Parvo foi ter com o rei e pediu-lhe a mão da filha. Mas o rei não queria um
genro daqueles. Pôs toda a espécie de dificuldades e, por fim, mandou o Parvo fazer
uma coisa que parecia impossível: ordenou-lhe que encontrasse um homem capaz de
beber sozinho um tonel de cerveja.
O Parvo lembrou-se do velho que lhe tinha dado o ganso. Dirigiu-se ao bosque e foi ao
sítio onde tinha cortado o carvalho. Sentado no tronco estava um homem com um ar
muito aborrecido.
O Parvo perguntou-lhe porque estava tão triste.
– Morro de sede – respondeu o homem – e nunca consigo saciá-la. Parece que tenho
uma pedra a arder dentro do estômago, por isso não posso beber água fria, porque me
faz mal. E apesar de já ter bebido hoje um tonel de cerveja, para a sede que tenho foi
como se molhasse apenas as goelas.
– Eu posso ajudar-te – disse o Parvo. – Vem comigo, e eu arranjo forma de te matar a
sede.
O homem seguiu-o até à adega do rei e bebeu até se fartar. Despejou uns poucos de