O Ganso de OuroPágina 5 / 6
tonéis atrás uns dos outros, até ficar com os braços dormentes. E quando chegou à noite
tinha deixado a adega vazia.
O Parvo exigiu novamente ao rei que cumprisse a sua promessa. Mas ele, que não
queria de forma nenhuma dar a filha a tão grande pateta, arranjou um pretexto para se
livrar uma vez mais, obrigando-o a uma segunda prova. Tinha que encontrar um homem
que fosse capaz de comer sozinho uma montanha de pão.
O Parvo não esperou por mais nada. Dirigiu-se logo ao bosque, ao sítio onde deitara
abaixo o carvalho. No tronco estava sentado um homem, que apertava o cinto com
quanta força tinha.
– Foi inútil comer toda a fornada do padeiro – disse ele ao Parvo. – Pouco me adiantou.
O que são algumas migalhas para uma fome do tamanho da minha? Fico logo com o
estômago vazio outra vez e tenho que apertar todos os furos do meu cinto para não
morrer de fraqueza.
– Levanta-te daí e segue-me – disse o Parvo todo contente. – Vais poder comer à farta.
Levou o homem até ao pátio do palácio. O rei tinha mandado buscar toda a farinha do
reino e mandara fazer um pão do tamanho de um monte.
O homem começou a comer e, naquela mesma noite, a montanha de pão desapareceu.
Pela terceira vez, o Parvo reclamou a mão da princesa. Mas o rei, que queria evitar a
todo o custo aquele casamento, exigiu uma terceira prova. Tinha que lhe trazer um
barco que navegasse tão bem em terra como no mar.
– Se conseguires chegar aqui ao palácio com todas as velas desfraldadas – disse ele ao
Parvo – então, desta vez, dou-te a minha filha em casamento.
O parvo foi direito ao bosque, ao sítio onde cortara o carvalho, e encontrou o velhinho
de cabelos brancos com quem dividira o pão e a cerveja.
– Graças à tua bondade, comi e bebi – disse o homenzinho. – Quero recompensar-te por
isso. Vou dar-te o barco de que precisas, porque foste caridoso para comigo.