Branca de Neve e os Sete AnõesPágina 5 / 9
- Belas coisas para vender, belas coisas; quem quer comprar?Branca de Neve, que estava no primeiro andar e se aborrecia por ficarsozinha todo o santo dia, abriu a janela e perguntou-lhe o que tinha paravender.- Oh! coisas lindíssimas, - respondeu a velha – olhe este fino e elegantecinto.A o mesmo tempo, mostrava um cinto de cetim cor de rosa, todorecamado de seda multicor. “Esta boa mulher posso deixar entrar sem perigo”,calculou Branca de Neve; então desceu, puxou o ferrolho e comprou o cinto.Mas a velha disse-lhe: - Tu não sabes abotoá-lo! Vem, por esta vez, eu teajudarei a fazê-lo, como se deve.A menina postou-se confiante na frente da velha, deixando que lheabotoasse o cinto; então a cruel inimiga, mais que depressa, apertou-o com tantaforça, que a menina perdeu a respiração e caiu desacordada no chão.- Ah, ah! - exclamou a rainha, muito contente – Já foste a mais bela! E fugiurapidamente, voltando ao castelo.Felizmente, os anões, nesse dia, tendo terminado o trabalho mais cedo quede costume, voltaram logo para casa.E qual não foi seu susto ao verem a querida Branca de Neve estendida nochão, rígida como se estivesse morta! Ergueram-na e viram que o cinto apertavademais sua cinturinha. Logo o desabotoaram e ela começou a respirarlevemente e, pouco a pouco, voltou a si e pôde contar o que sucedera.Os anões disseram-lhe:- Foste muito imprudente; aquela velha era, sem dúvida, a tua horrívelmadrasta. Portanto, no futuro, tenha mais cuidado, não deixes entrar maisninguém quando não estivermos em casa.- A pérfida rainha, logo que chegou ao castelo, correu ao espelho,esperando, enfim, ouvi-lo proclamar a sua absoluta beleza, o que para ela soavamais deliciosamente que tudo, e perguntou:- Espelhinho, meu espelhinho, Responde-me com franqueza:Qual a mulher mais bela de toda a redondeza?Como da outra vez, o espelho respondeu:- Real senhora, do país sois a mais formosa. Mas Branca de Neve, que portrás dos montes vive o em casa dos sete anões... é de vós mil vezes maisformosa!A essas palavras a rainha sentiu o sangue gelar-se-lhe nas veias;empalideceu de inveja e, depois, torcendo-se de raiva, compreendeu que a rivalainda estava viva. Pensou, novamente, num meio de perder a inocente, causade seu rancor.