O RouxinolPágina 3 / 9
Então, partiram em direcção à floresta onde o rouxinol costumava cantar; mais de metade da corte foi com eles. Enquanto iam andando, uma vaca mugiu.
— Oh! — exclamou um pajem. — Já estou a ouvi-lo! Para um animalzinho tão pequeno faz um barulho extraordinário. Mas, sabem, tenho a certeza de já o ter ouvido.
— Não, não, aquilo é uma vaca a mugir! — exclamou a rapariguinha. — Ainda temos de andar muito.
As rãs começaram a coaxar num charco.
— Maravilhoso! — exclamou o capelão do imperador. — Já estou a ouvir a canção! Parecem mesmo sininhos de igreja!
— Não, não, isso são rãs — disse a rapariguinha da cozinha. — Mas devemos estar quase a ouvi-lo.
Então, o rouxinol começou a cantar.
— Lá está ele! — disse a rapariguinha. — Oiçam! Olhem! Está ali! — e apontou para um passarinho cinzento por entre os ramos.
— Será possível? — exclamou o camareiro. — Nunca pensei que fosse assim. Parece tão vulgar! Tão simples! Talvez tenha perdido a cor quando viu todas estas visitas importantes.
— Rouxinolzinho! — chamou a rapariguinha. — O nosso gracioso imperador gostaria muito que cantasses para ele.
— Com o maior prazer — disse o rouxinol, continuando a cantar tão bem que era um encanto ouvi-lo.
— Parecem mesmo sinos de vidro — disse o camareiro. — Não percebo como é que nunca o tínhamos ouvido. Vai ser um êxito na corte!
— Querem que torne a cantar para o imperador? — perguntou o rouxinol, que pensava que uma das visitas era o imperador.
— Excelentíssimo rouxinol — disse o camareiro —, tenho a honra e o prazer de o convidar para um concerto no palácio esta noite, onde encantará Sua Majestade Imperial com as suas lindas cantigas.
— Soam melhor na floresta — afirmou o rouxinol.
Apesar disso, foi com eles de boa vontade quando ouviu dizer que era desejo do imperador.
Entretanto, que limpezas iam pelo palácio! As paredes e o soalho de porcelana brilhavam, lustrosos, à luz de milhares de luzes douradas. Mesmo no meio do grande salão, junto do trono do imperador, estava um poleiro dourado para o rouxinol. Toda a corte estava presente, e a pequena criadinha da cozinha teve autorização para ficar atrás da porta, porque já tinha o título oficial de Verdadeira Criada de Cozinha. Todos os olhos estavam postos no passarinho cinzento quando o imperador lhe fez sinal que começasse.