RapunzelPágina 3 / 3
O príncipe passou a vir todas as noites porque a bruxa vinha de dia. A velha não se apercebeu de nada até que uma vez a menina observou:
― Como és pesada! Demoras muito mais a subir do que o príncipe, que chega cá acima num instante!
― Oh! Malvada! Pensei que te tinha mantido afastado de todos e afinal enganaste-me?!
Furiosa, prendeu os cabelos de Rapunzel com a mão esquerda e, com a direita, agarrou num par de tesouras: Zac! Zac! Cortou-lhe a bela trança. Foi tão má, tão má que levou a pobre da menina para um deserto onde a deixou ficar. Depois, voltou à torre e, quando o príncipe chamou:
― Rapunzel! Ó minha bela!Solta a trança à janela!
Lançou-lhe a trança cortada. O príncipe subiu sem desconfiar de nada mas, lá em cima, só encontrou a bruxa que o olhou com os seus olhos cheios de veneno e exclamou:
― Vieste buscar a tua bela? Ah, mas a graciosa avezinha já não está no ninho! Nem sequer canta! Levou-a o gato e agora vai arranhar-te os olhos a ti. Nunca mais a verás!
Fora de si, o príncipe saltou da torre. Salvou-se, mas caiu sobre os espinhos que o cegaram. Assim vagueou, comendo só raízes e bagas e chorando a perda da sua amada esposa. Andou, andou, andou até que chegou ao deserto onde vivia Rapunzel que, entretanto, tinha tido gémeos: um menino e uma menina. O príncipe ouviu-lhe a voz e, deixando-se guiar por ela, aproximou-se. Logo sentiu uns braços à volta do pescoço: era Rapunzel, a chorar. Duas dessas lágrimas caíram nos olhos do príncipe, que brilharam de novo, voltando a ver como antes. Ele levou-a para o seu reino onde houve grandes festejos e viveram felizes durante muitos e muitos anos.