RapunzelPágina 2 / 3
Quando fez dezesseis anos, Rapunzel era a menina mais linda do mundo e a bruxa fechou-a numa torre sem escada nem porta, no meio de uma grande floresta. Só havia uma janela e, quando a velha queria entrar, chamava:
― Rapunzel! Ó minha bela!Solta a trança à janela!
A menina tinha os cabelos muito compridos e tão louros que pareciam feitos de ouro. Quando ouvia a voz da bruxa, prendia a trança num gancho da janela e deixava os cabelos caírem até ao chão para ela poder subir.
Passaram alguns anos. Certo dia o filho do rei, que cavalgava por ali, ouviu um melodioso canto. Prestando mais atenção notou que a voz saía de uma alta torre, mas ao procurar entrar, descobriu que não havia escada nem porta. Acabou por regressar ao palácio e, todos os dias, vinha ouvir aquele doce cantar. Até que, um dia, viu chegar uma velha e ouviu-a dizer:
― Rapunzel! Ó minha bela!Solta a trança à janela!
Do alto da torre caiu uma trança por onde a velha subiu. “Se a escada é essa” – pensou o príncipe – “também eu subirei.”
E, no dia seguinte, quando começou a escurecer, aproximou-se da torre e chamou:
― Rapunzel! Ó minha bela!Solta a trança à janela!
Os cabelos foram lançados lá de cima e o príncipe subiu. Quando o viu entrar, a menina apanhou um grande susto porque nunca tinha visto nenhum homem. Porém, o príncipe falou-lhe com grande cortesia, explicando que a voz dela se tinha insinuado no seu coração ao ponto de ele já não ter sossego e como, por isso, tinha sido forçado a procurá-la. Então Rapunzel perdeu o receio e, quando o príncipe lhe perguntou se o queria como marido, ela olhou-o com atenção. Era jovem e belo e a menina pensou: “De certeza que gosta mais de mim do que a minha madrasta!” Assim, acedeu em dar-lhe a mão, dizendo:
― De boa vontade iria contigo, mas não sei como descer. Sempre que vieres visitar-me traz-me uma meada de seda. Com ela tecerei uma escada. Quando estiver pronta, poderei descer e partir contigo no teu cavalo.