RapunzelPágina 1 / 3
Era uma vez um casal que, tendo desejado, em vão, um filho durante anos, acabou por descobrir, com alegria, que a mulher estava grávida.
A casa onde morava tinha, nas traseiras, uma janela de onde se avistava um terreno cheio de flores e de magníficas plantas. No entanto ninguém se atrevia a lá entrar, não só porque o rodeava um muro muito alto, como porque pertencia a uma poderosa e temida feiticeira.
Certo dia em que a mulher, à janela, olhava para lá, caíram-lhe os olhos num canteiro em que floresciam os mais belos rapôncios. Eram tão verdes e frescos que lhe fizeram crescer água na boca. Ora, sabendo que não os podia comer, cada dia tinha mais desejos. Emagreceu muito e ficou com um ar pálido e doente. O marido assustou-se:
― O que tens, querida mulher?
― Ai! – suspirou ela tristemente. – Se não como aqueles rapôncios, morro!
O marido, que a amava muito, pensou: “Mais vale eu ir colhê-los, senão ela ainda morre!”
Assim que escureceu, trepou o muro, entrou no jardim da bruxa, colheu a toda a pressa uma mão-cheia de rapôncios e trouxe-os à mulher. Esta com eles preparou uma salada que comeu com prazer. Mas soube-lhe tão bem, tão bem que, no dia seguinte, os desejos tinham triplicado. Por isso o homem teve de lá voltar. Ao escurecer, trepou o muro, mas, mal entrou no jardim, surgiu-lhe uma bruxa muito feia que, com um olhar terrível, lhe perguntou:
― Como te atreves a entrar aqui para me roubar como um ladrão? Vou castigar-te!
― Tem pena de mim! Só fiz isto porque a minha mulher, que está grávida, morria se não comesse os teus rapôncios, que viu da janela!
Ao ouvi-lo, a fúria da bruxa desapareceu.
― Bem, se é o caso, deixo-te levar todos os que quiseres, com uma condição: logo que a tua mulher tenha a criança deverás dar-ma imediatamente. De resto, não te preocupes que eu serei uma mãe para ela.
Cheio de medo, o homem concordou com tudo. E, mal a mulher teve a criança, a bruxa apareceu deu à menina o nome de Rapunzel, que é o mesmo que Rapôncio, e levou-a consigo.