O gênio da garrafaPágina 3 / 4
- Sim, alcançar, alcançar; - disse o pai, irritado - isto não é tão fácil.- Pois preste atenção, pai: vou já derrubar esta árvore aqui tão bem que elavai tombar com um estrondo.Então ele pegou o seu machado, esfregou-o com o emplastro e desferiuuma possante machadada na árvore. Mas como o ferro tinha virado prata, alâmina perdeu todo o corte.- Ei, pai, veja que machado ruim você me deu. Ele entortou todo com oprimeiro golpe. O pai assustou-se e disse:- Ai, o que foi que você fez! Agora terei de pagar pelo machado e não seicomo nem com quê. É esta a vantagem que me traz o seu trabalho...- Não se zangue, pai! - respondeu o filho. - Eu vou pagar pelo machado.- Ó seu bobalhão, - exclamou o pai - com o que você vai pagá-lo, se nãotem nada além do que lhe dou? Tolices de estudante, é só o que tem na cabeça,mas de cortar lenha você não entende nada.Dali a pouco, o estudante disse:- Pai, agora que eu não posso trabalhar mais mesmo, é melhor queencerremos a jornada e vamos para casa.- Qual o quê! - respondeu o pai. - Você pensa que eu quero cruzar osbraços no colo como você? Eu ainda preciso trabalhar, mas você pode semandar para casa.- Pai, é a primeira vez que eu estou aqui no meio da floresta, não sei acharo caminho de volta para casa sozinho, venha comigo!Como a sua cólera já se acalmara, o pai deixou-se persuadir e voltou com ofilho para casa. Então lhe disse:Vá e venda o machado estragado e veja o que pode conseguir por ele. Voutratar de ganhar a diferença com o meu trabalho, para pagar ao vizinho.No dia seguinte, o filho pegou o machado e levou-o à cidade, a umourives. Este fez a prova, colocou o machado na balança e disse:- Ele vale quatrocentos talers; eu não tenho tanto dinheiro para pagar àvista.O estudante falou:- Dê-me o quanto tiver em dinheiro; eu espero pelo restante, em confiança.O ourives pagou-lhe trezentos talers e ficou devendo cem. Com isso oestudante voltou para casa e disse:- Pai, eu tenho dinheiro. Vá e pergunte o que o vizinho quer pelo seumachado.- Isto eu já sei - disse o pai. - Um taler e seis décimos.- Então dê-lhe dois talers e doze décimos, isto é, o dobro, e é suficiente.Está vendo, pai, eu tenho dinheiro de sobra!