João Sem MedoPágina 4 / 6
deixam qualquer um dirigir... E se foi para junto do fogo, onde dormiu até amanhã seguinte.Na manhã seguinte o rei foi vê-lo, e ao encontrá-lo atirado ao chão, pensouque os espíritos o haviam matado. Disse:- Depois de tudo é uma pena, um homem tão corajoso...O jovem o escutou, se levantou, e disse:- Não é para tanto.O rei estava perplexo, mas muito feliz, e perguntou como tinha sido.- A verdade é que bastante bem - disse – Já tinha passado uma noite, asoutras serão do mesmo jeito.Foi ver o dono da pousada que, olhando com olhos do tamanho de pratos,disse:- Nunca pensei que voltaria a te ver com vida! Afinal, aprendeste a termedo?- Não - respondeu - é inútil. se alguém me pudesse explicar...A segunda noite voltou ao velho castelo, se sentou junto ao fogo e umavez mais começou a cantilena: - se pudesse ter medo... se pudesse ter medo...À meia-noite se escutou ao redor um grande barulho que parecia que ocastelo vinha abaixo. No início se escutava baixinho, mas foi crescendo mais emais.De repente, tudo ficou em silêncio e, de repente, com um grito, a metadede um homem caiu diante de João.- Ei, - gritou o jovem – falta-te a metade!Então o barulho começou de novo, se escutaram rugidos e gemidos e aoutra metade caiu também.- Tranqüilo, - disse o jovem - vou avivar o fogo.Quando havia terminado e olhou ao redor, as duas metades haviam seunido e um homem espantoso estava sentado no lugar de João.- Isso não entrava não trato, - disse ele - esse banco é meu.O homem tentou empurrá-lo, mas o jovem não o permitiu, então oempurrou com todas as forças e se sentou em seu lugar.Mais homens caíram do mezanino, um atrás do outro. Recolheram novepernas humanas e duas caveiras e começaram a jogar com elas. João tambémquis jogar:- Escuta, posso jogar?- Se tens dinheiro, sim. - responderam eles.- Tenho - respondeu - Mas essas bolas não são redondas o bastante.Pegou as caveiras, colocou-as no torno e as arredondou.- Agora está muito melhor.