João Sem MedoPágina 3 / 6
O homem, vendo que esse dia não ia conseguir as 50 moedas, se ajoelhoudizendo:- Nunca encontrei alguém assim.O jovem continuou seu rumo e outra vez começou a falar sozinho - sepudesse ter medo...Um carreteiro que andava por ali escutou e perguntou:- Quem és?- Não sei - respondeu o jovem.Então o carreteiro perguntou:- De onde és?- Não sei- respondeu o rapaz.- Quem é tu pai?- insistiu.- Não posso dizer - respondeu o rapaz.- Que é isso que estás sempre murmurando? - perguntou o carreteiro.- Ah, - respondeu o jovem – gostaria de aprender ter medo, mas nada meensina.- Deixa de dizer bobagens - disse o carreteiro - Vamos, vem comigo, eencontrarei um lugar para ti.O jovem foi com o carreteiro e, ao anoitecer, chegaram a uma pousadaonde iriam passar a noite. Na entrada do salão o jovem disse, bem alto:- Se pudesse ter medo...O pousadeiro escutou e rindo disse:- Se isso é o que queres, saiba que aqui encontras uma boa oportunidade.- Cala-te, - disse a dona da pousada – muitos intrometidos já perderam suavida, seria uma lástima se olhos tão bonitos não voltassem a ver a luz do dia.Mas o rapaz disse:- Não importa o tão difícil que seja, aprenderei, é por isso que tenhoviajado tão longe. E não deixou em paz o dono da pensão até que ele contouque não longe dali havia um castelo encantando onde qualquer um poderiaaprender com facilidade o que é ter medo se pudesse permanecer ali durantetrês noites. O rei havia prometido que qualquer um que conseguisse teria a mãode sua filha, que era a mulher mais bela sobre a qual havia brilhado o Sol. Poroutro lado, no castelo há um grande tesouro, guardado por malvados espíritos.Esse tesouro seria libertado e fazia rico ao libertador. Ainda que algunstivessem tentado, nenhum havia saído.Na manhã seguinte o jovem foi a ver o rei e disse: - Se me permitir,desejaria passar 3 noites no castelo encantado.O rei observou-o e como o jovem o agradava, disse:
- Podes pedir três coisas para levar contigo ao castelo, mas devem ser trêsobjetos inanimados.Então o rapaz disse:- Pois quero um fogo, uma faca e uma tábua para cortar. - o rei fez quelevassem essas coisas ao castelo durante o dia. Quando se aproximava a noite, o jovem foi ao castelo e acendeu um fogo brilhante numa das salas, pôs a tábua eo cutelo ao seu lado e se sentou junto ao torno – se pudesse ter medo – dizia –mas vejo que não aprenderei aqui.Era meia-noite e estava atiçando o fogo, e enquanto soprava, algo gritoude repente de um canto:- Miau, miau. Temos frio.- Tontos, - respondeu - por que se queixam, se têm frio venham sentar-se junto ao fogo.Quando disse isto 2 enormes gatos negros saíram dando um tremendosalto e se sentaram um de cada lado de João. Os gatos o olhavam comselvageria. Aos poucos, quando se aqueceram, disseram - Camarada, joguemoscartas.- Por que não? – disse o rapaz - Mas primeiro ensinem-me.Os gatos mostraram suas garras.- Oh!, - disse ele – tens unhas muitos compridas. Esperem que as cortonum segundo.Então os pegou pelo pescoço, os colocou na tábua de cortas e lhes atou aspatas rapidamente.- Depois de ver os dedos, - disse – me passou a vontade de jogar cartas.Logo os matou e os atirou na água. Mas quando se havia desfeito deles eia sentar-se junto ao fogo, de cada canto saíram cães e gatos negros, comcorrentes, e continuaram saindo até que não havia mais para onde se mover.Gritavam horrivelmente, esparramaram o fogo e apagaram-no. João observoutranqüilamente durante uns instantes, mas quando estavam passando da conta,pegou a faca e gritou:- Fora daqui, sacanas - e começou a esfaqueá-los. Alguns fugiram,enquanto que os que matou, jogou ao fogo. Quando terminou não podia manteros olhos abertos por causa do sono. Olhou em volta e viu uma cama enorme.- Justo o que precisava- disse e se meteu nela. Quando estava para fecharos olhos a cama começou a se mover por si mesma e o levou por todo castelo.- Isto está bom - disse - mas vá mais rápido.Então a cama rodou como se seis cavalos a puxassem, acima e abaixo,pelos umbrais e escadarias. Mas de repente girou sobre si mesma e caiu sobreele como uma montanha. João saiu debaixo da cama dizendo: - Hoje em dia