A Bela AdormecidaPágina 1 / 3
Conto de Jakob e Wilhelm Grimm
Há muito tempo, viviam um rei e uma rainha que todos os dias diziam:“Ah, se nós tivéssemos uma criança!”, e nunca conseguiam uma. Aí aconteceuque, uma vez em que a rainha estava se banhando, um sapo rastejou para forada água e lhe disse “Seu desejo será realizado; antes que se passe um ano, vocêdará à luz uma menina”. Aquilo que o sapo dissera aconteceu, e a rainha teveuma menina que era tão formosa que o rei mal se continha de felicidade, epreparou uma grande festa. Ele não apenas convidou seus parentes, amigos econhecidos, como também as fadas, a fim de obter suas boas graças para acriança. Havia treze delas em seu reino, mas como ele só possuía doze pratos deouro, nos quais elas poderiam comer, uma delas teria de ficar em casa. A festafoi celebrada com toda a pompa e, quando chegou ao fim, as fadaspresentearam a criança com dotes mágicos: uma com a virtude, outra com aformosura, a terceira com riqueza, e assim com tudo o que há de desejável nomundo. Quando onze já tinham falado, entrou de repente a décima terceira. Elaqueria se vingar por não ter sido convidada e, sem cumprimentar ou mesmoolhar para quem quer que seja, exclamou aos brados: “A princesa deveráespetar-se em um fuso quando tiver quinze anos, e cair morta.” E sem dizermais nada, virou as costas e deixou o salão. Todos estavam assustados, e entãoadiantou-se a décima segunda, que ainda não tinha feito seu desejo, e como nãopodia anular a maldição, mas apenas abrandá-la, ela disse: “A princesa nãomorrerá, apenas cairá em um sono profundo que durará cem anos.”O rei, que queria salvar sua querida criança do infortúnio, ordenou quetodos os fusos do reino inteiro fossem queimados. Na menina, entretanto,realizaram-se plenamente todos os dons das fadas, pois ela era tão bela,educada, gentil e sensata que todos que a viam não podiam deixar de gostardela. Sucedeu que, justamente no dia em que ela completava quinze anos, o reie a rainha não estavam em casa, e a menina estava sozinha no castelo. Elaandou então por todos os cantos, examinou à vontade aposentos e câmaras, efinalmente chegou até uma velha torre. Subiu a estreita escada em espiral edeparou-se com uma pequena porta. Na fechadura havia uma chave