O Firme Soldado de ChumboPágina 5 / 5
E então aconteceu uma coisa estranha. Um dos rapazinhos pegou no soldado de chumbo e atirou-o para a lareira. Não tinha qualquer motivo para fazer isto; deve ter sido outra vez culpa do duende da caixa de rapé.
O soldado de chumbo ficou emoldurado pelas chamas. O calor era intenso, mas se vinha do lume ou do seu amor ardente ele não sabia. As suas cores brilhantes já tinham desaparecido — mas se tinham sido lavadas pela água durante a viagem ou pelo seu desgosto ninguém sabia. Olhou para a linda bailarina, e ela olhou para ele; sentiu que estava a derreter-se, mas continuou firme, de arma ao ombro. Subitamente, a porta abriu-se; uma aragem apanhou a bailarina de papel, que voo como uma sílfide direitinha à lareira e ao soldado de chumbo, que a esperava; aí se transformou numa chama e desapareceu.
O soldado também derreteu rapidamente, ficando reduzido a um montinho de chumbo; e no dia seguinte, quando a criada limpou a lareira, encontrou-o entre as cinzas — do feitio de um coraçãozinho de chumbo. E a bailarina? Dela só encontraram a lantejoula, preta como a fuligem.