Os Músicos de BremenPágina 1 / 2
“Um homem tinha um burro que, há muito tempo, carregava sacos demilho para o moinho. O burro, porém, já estava ficando velho e não podia maistrabalhar. Por isso, o dono tencionava vendê-lo. O pobre animal, sabendo disso,ficou muito preocupado, pois não podia imaginar como seria seu novo dono... eentão, para evitar qualquer surpresa desagradável, pôs-se a caminho da cidadede Bremen.“Certamente, poderei ser músico na cidade”, pensava ele.Depois de andar um pouco, encontrou um cão deitado na estrada, arfando decansaço.- Por que estás assim tão fatigado? perguntou o burro.- Amigo, já estou ficando velho e, a cada dia, vou ficando mais fraco. Nãoposso mais caçar; por isso meu dono queria me entregar à carrocinha. Então,fugi, mas não sei como ganhar a vida.- Pois bem, lhe disse o burro. Minha história é bem semelhante à sua. Voutentar a vida como músico em Bremen. Venha comigo. Eu tocarei flauta e vocêpoderá tocar tambor.O cão aceitou o convite e seguiu com o burro. Não tinham andado muito,quando encontraram um gato, muito triste, sentado no meio do caminho.- Que tristeza é essa, companheiro? lhe perguntaram os dois.- Como posso estar alegre, se minha vida está em perigo? respondeu ogato. Estou ficando velho e prefiro estar sentado junto ao fogo, em vez de caçarratos. Por esse motivo, minha dona quer me afogar.- Ora, venha conosco a Bremen, propuseram os outros. Seremos músicos eganharemos muito dinheiro.O gato, depois de pensar um pouco, aderiu e acompanhou-os. Foramandando até que encontraram um galo, cantando tristemente, trepado numacerca.- Que foi que lhe aconteceu, amigo? perguntaram os três.- Imaginem, respondeu o galo, que amanhã a dona da casa vai ter visitaspara o jantar. Então, sem dó nem piedade, ordenou ao cozinheiro que mematasse para fazer uma canja.Os outros, então, lhe propuseram:
- Nós vamos a Bremen, onde nos tornaremos músicos. Você tem boa voz.Que tal se nos reunissemos para formar um conjunto?O galo gostou da idéia e juntando-se aos outros seguiram caminho.A cidade de Bremen ficava muito distante e eles tiveram que parar numafloresta para passar a noite. O burro e o cão deitaram-se em baixo de umaárvore grande. O gato e o galo alojaram-se nos galhos da árvore.O galo, que se tinha colocado bem no alto, olhando ao redor, avistou umaluzinha ao longe, sinal de que deveria haver alguma casa por ali. Disse isso aoscompanheiros e todos acharam melhor andar até lá, pois o abrigo ali não estavamuito confortável.Começaram a andar e, cada vez mais, a luz se aproximava. Afinal,chegaram à casa. O burro, como era o maior, foi até a janela e espiou por umafresta. À volta de uma mesa, viu quatro ladrões que comiam e bebiam.Transmitiu aos amigos o que tinha visto e ficaram todos imaginando um planopara afastar dali os homens. Por fim, resolveram aproximar-se da janela. Oburro colocou-se de maneira a alcançar a borda da janela com uma das patas. Ocão subiu nas costas do burro. O gato trepou nas costas do cão e o galo voou atéficar em cima do gato.Depois, a um sinal combinado, começaram a fazer sua música juntos: oburro zurrava, o cão latia, o gato miava e o galo cacarejava. A seguir,quebrando os vidros da janela, entraram pela casa a dentro, fazendo umabarulhada medonha.Os ladrões, pensando que algum fantasma havia surgido ali, saíramcorrendo para a floresta. Os quatro animais sentaram-se à mesa, serviram-se detudo e procuraram um lugar para dormir. O burro deitou-se num monte depalha, no quintal; o cão, junto da porta, como a vigiar a casa; o gato, junto aofogão, e o galo encarrapitou-se numa viga do telhado. Como estavam muitocansados, logo adormeceram.Um pouco além da meia noite, os ladrões, verificando que a luz nãobrilhava mais dentro da casa, resolveram voltar. O chefe do bando disse aosdemais:- Não devemos ter medo!E mandou que um entrasse primeiro para examinar a casa. Chegando àcasa, o homem dirigiu-se à cozinha para acender um vela. Tomando os olhos dogato, que brilhavam no escuro, por brasas, tentou neles acender um fósforo. Ogato, entretanto, não gostou da brincadeira e avançou para ele, cuspindo-o earranhando-o. Ele tomou um grande susto e correu para a porta dos fundos,mas o cão, que lá estava deitado, mordeu-lhe a perna. O ladrão saiu correndo