Branca de Neve e os Sete AnõesPágina 2 / 9
- Sua inveja e seus ciúmes desenvolviam-se qual erva daninha, não lhedando mais sossego, nem de dia, nem de noite.Enfim, já não podendo mais, mandou chamar um caçador e disse-lhe:- Leva essa menina para a floresta, não quero mais tornar a vê-la; leva-acomo puderes para a floresta, onde tens de matá-la; traze-me, porém, o coraçãoe o fígado como prova de sua morte.O caçador obedeceu. Levou a menina para a floresta, sob pretexto de lhemostrar os veados e corças que lá haviam. Mas, quando desembainhou o facãopara enterrá-lo no coraçãozinho puro e inocente, ela desatou a chorar,implorando:- Ah, querido caçador, deixa-me viver! Prometo ficar na floresta, e nuncamais voltar ao castelo; assim, quem te mandou matar-me, nunca saberá que mepoupaste a vida.Era tão linda e meiga que o caçador, que não era mau homem, apiedou-sedela e disse: Pois bem, fica na floresta, mas livra-te de sair Ia, porque a morteseria certa. E, em seu íntimo, ia pensando: “Nada arrisco, pois os animaisferozes vão devorá-la em breve e a vontade da rainha será satisfeita, sem que,eu seja obrigado a suportar o peso de um feio crime”. Justamente nesse momento passou correndo um veadinho; o caçador.matou-o, tirou-lhe o coração e o fígado e levou-os à rainha como se fossem deBranca de Neve.O cozinheiro foi incumbido de prepará-los e cozê-los; e, no seu rancorferoz, a rainha comeu-os com alegria desumana,. certa de estar comendo o quepertencera, a Branca.,. de Neve...Durante esse tempo a pobre menina, que ficara abandonada na floresta,vagava trêmula de medo, sem saber, que fazer. Tudo a assustava, o ruído dabrisa, uma folha que caía, enfim, tudo produzia nela um terrível pavor.Ouvindo o uivar dos lobos, pôs-se a correr cheia de terror; os pezinhosdelicados, feriam-se nas pedras pontiagudas e estava toda arranhada pelosespinhos.Passou ao pé de muitos animais ferozes., mas estes não lhe fizeram malalgum.Enfim, à noitinha, cansada e ofegante, encontrou-se diante de uma lindacasinha situada no meio de uma clareira. Entrou, mas não viu ninguém.Contudo, a casa devia ser habitada, pois notou que tudo estava muitoasseado e arrumadinho, dando gosto de se ver.Numa graciosa mesa coberta com uma fina e alva toalha, achavam-sepostos. sete pratinhos, sete colherinha e sete garfinhos, sete faquinhas e setecopinhos, tudo perfeitamente em ordem.